O euro e a libra esterlina ignoraram o fato de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instruiu sua administração a considerar a imposição de tarifas retaliatórias a vários parceiros comerciais, aumentando a probabilidade de uma guerra comercial mais ampla dos EUA com o restante do mundo. No entanto, o dólar americano não registrou uma demanda significativa como resultado. O principal motivo para isso parece ser a abordagem mais gradual na imposição de barreiras comerciais do que o inicialmente esperado.
Ontem, o presidente Trump assinou um decreto presidencial, ordenando que o Representante de Comércio dos EUA e o Secretário de Comércio apresentem novas tarifas para cada país, como parte de um esforço para restaurar o equilíbrio comercial. Esse é um processo de grande escala, que pode levar semanas ou meses, com os resultados esperados para serem finalizados até 1º de abril.
"As novas tarifas de importação serão ajustadas para cada país para compensar não apenas suas próprias tarifas sobre os produtos americanos, mas também as barreiras não tarifárias, incluindo subsídios injustos, regulamentações, impostos sobre valor agregado, taxas de câmbio, proteções fracas à propriedade intelectual e outras restrições comerciais contra os EUA", afirmou a Casa Branca em um memorando divulgado ontem.
Os mercados reagiram positivamente aos sinais de que as tarifas não seriam impostas de forma imediata.
"No interesse da justiça, decidi impor tarifas recíprocas, ou seja, as mesmas tarifas que os países impõem aos Estados Unidos", disse Trump no Salão Oval. "Em quase todos os casos, eles nos cobram muito mais do que cobramos deles, mas esses dias acabaram."
Trump também anunciou planos para impor tarifas sobre automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos no futuro.
O presidente criticou especificamente as barreiras comerciais relacionadas ao IVA da União Europeia, indicando que os Estados Unidos responderão a essas medidas. Ele também mencionou o Japão e a Coreia do Sul, acusando-os de se aproveitar dos EUA, sugerindo que poderiam ser os próximos alvos de suas recentes medidas comerciais.
Especialistas observam que as tarifas recíprocas seriam a ação mais abrangente de Trump até o momento para enfrentar o déficit comercial dos EUA e o que ele considera práticas comerciais desleais no cenário global. Os EUA já impuseram tarifas de 10% sobre produtos chineses e planejam introduzir tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio no próximo mês.
No entanto, como mencionado anteriormente, a decisão de Trump de não implementar as tarifas de forma imediata sugere uma tentativa de iniciar negociações — uma estratégia que ele já utilizou para obter concessões do México, Canadá e Colômbia — em vez de um compromisso definitivo com a imposição das tarifas.
Os traders interpretaram essas ações como um motivo para comprar ativos de risco. A especulação de que as negociações poderiam reduzir as tarifas diminuiu temporariamente os temores de uma guerra comercial em grande escala, o que poderia prejudicar o crescimento global e aumentar a inflação.
A postura de Trump, no limite de uma guerra comercial, adiciona incerteza à economia global, pois empresas e consumidores aguardam possíveis impactos econômicos decorrentes de mudanças na política comercial que podem prejudicar as relações comerciais dos EUA em todo o mundo.
Se as tarifas forem implementadas, elas podem levar a um aumento nos preços dos produtos importados nos EUA, agravando as preocupações com a inflação.
EUR/USD
Atualmente, os compradores precisam concentrar esforços para superar o nível de 1,0500. Somente assim será possível mirar 1,0530. A partir daí, o par pode subir até 1,0570, mas esse movimento exigirá o suporte de grandes players. O alvo mais distante seria 1,0600. Caso ocorra uma queda do EUR/USD, espero reações significativas dos compradores em torno de 1,0430. Se não houver suporte nesse nível, seria interessante aguardar um teste da mínima em 1,0380 ou buscar posições compradoras a partir de 1,0320.
GBP/USD
Os compradores da libra precisam superar a resistência de 1,2600. Apenas esse movimento permitiria mirar 1,2640, nível acima do qual a continuidade da alta será bastante desafiadora. O alvo mais distante seria 1,2665. Se o par recuar, os vendedores tentarão assumir o controle em 1,2535. Caso consigam, a perda dessa faixa representaria um golpe significativo para os compradores, empurrando o GBP/USD para 1,2480, com possibilidade de atingir 1,2435.